quarta-feira, 28 de outubro de 2015

Teatro dentro da Igreja

ORIENTAÇÕES DE ELLEN WHITE SOBRE
ENCENAÇÕES NA IGREJA

As citações de Ellen White sobre encenações, dramatizações ou teatralização na
igreja, tem provocado grande polêmica. Este trabalho se propõe a apresentar a posição da irmã White, levando em consideração a grande maioria de suas citações, bem como os critérios que estabeleceu nas mesmas, com o objetivo de encontrar um ponto de harmonia em seus ensinos e em nosso procedimento.
Muitas das citações apresentadas são dirigidas aos pastores e a seu uso no
evangelismo. Pode-se ver a preocupação de Ellen White de que a igreja usasse os métodos mais populares e baixos da época para levar pessoas a Cristo, o que se tornaria impossível.
A parte inicial apresenta algumas citações que expressam a opinião de Ellen White
sobre o teatro e sua freqüência. Estão colocadas no princípio, com o objetivo de esclarecer a realidade do teatro em seus dias. É natural observar sua enfática e firme condenação a ele, tendo em vista seu baixo nível e ligação com sensualidade, prostituição e vaidade (ver artigo de Benjamin McArthur, em: Gary Land, ed., The World of Ellen G. White, Review and Herald, 1897, p. 177-191). Esta é a situação de fundo para entender as citações que ela faz sobre as encenações na igreja. Sua preocupação reside no fato de que os venenos do teatro sejam lançados dentro da igreja. É preciso ligar a influência e o alcance social do teatro naqueles dias
e ver também sua realidade hoje. Continua o seu baixo nível? É ainda o mais atrativo meio de diversão das pessoas? Nossas encenações na igreja poderão ser associadas com os palcos de teatro e servir de incentivo a nossos membros para que os freqüentem? Existem hoje outras diversões que devem ocupar a linha de frente de nosso combate?
A seção seguinte apresenta as citações onde Ellen White condena as apresentações teatrais na igreja. Em cada citação é possível observar que a condenação não é cega, mas é acompanhada de motivos. Não só a condenação, mas principalmente seus motivos devem ser analisados. Por que Ellen White condena? É preciso observar se as encenações dos departamentos infantis da Escola Sabatina, dos programas de jovens ou outros, entram em
choque com estes motivos. Se isso acontece, é possível modificá-los para evitar este choque? Se não, é correto condená-los? Não podemos apenas negar tudo, é preciso confrontar os motivos. Não havendo choque com os motivos não há porque condená-los. A grande verdade é que a maioria das encenações, realizadas na igreja hoje, estão longe dos motivos apresentados pela irmã White para sua condenação. A última seção traz alguns exemplos de ilustrações e encenações aceitáveis, inclusive com um exemplo da família de Ellen White, e um critério para recreação que também pode ser aplicado para julgar uma encenação.

O trabalho se encerra com um precioso apêndice de autoria do Dr. Alberto Timm
(Artigo “O Uso de Dramatizações na Igreja”, Revista Adventista, setembro de 1996), diretor do centro de pesquisas Ellen G. White do Brasil, analisando clara e sensatamente o assunto à luz da Bíblia e dos escritos de Ellen White. Por trás das palavras, está o desejo de que estas páginas colaborem para a harmonia
e crescimento da igreja, bem como para o preparo de um povo fiel para encontrar-se com o seu Deus.

ELLEN WHITE E O TEATRO
“Entre os mais perigosos lugares de diversões, acha-se o teatro. Em vez de ser uma
escola de moralidade e virtude, como muitas vezes se pretende, é um verdadeiro foco de imoralidade. Hábitos viciosos e propensões pecaminosas são fortalecidos e confirmados por esses entretenimentos. Canções baixas, gestos, expressões e atitudes licenciosas depravam a imaginação e rebaixam a moralidade. Todo o jovem que costuma assistir a essas exibições se corromperá em seus princípios. Não há em nosso país influência mais poderosa para envenenar a imaginação, destruir as impressões religiosas e tirar o gosto pelos prazeres tranqüilos e as realidades sóbrias da vida, que as diversões teatrais. O amor a estas cenas aumenta a cada condescendência, assim como o desejo das bebida intoxicante  se fortalece com seu uso. O único caminho seguro é absterse de ir ao teatro... e a qualquer outro lugar de diversão duvidosa.” Mensagens aos Jovens, 380.
“Os espetáculos, os teatros e todas as demais diversões desmoralizantes dessa
natureza estão arrebatando o dinheiro do país e a pobreza aumenta constantemente.” Fundamentos da Educação Cristã, 318.
“O mundo está cheio de erros e fábulas. As novidades em forma de dramas sensacionais estão continuamente surgindo para prender as mentes, e abundam teorias absurdas que são destrutivas para o progresso moral e espiritual.” Testemonies, Vol. 4, 415.
“Muitos dos divertimentos populares no mundo hoje, mesmo entre aqueles que pretendem ser cristão, propendem para os mesmos fins que os dos gentios de outrora. Poucos há, na verdade entre eles, que satanás não torne responsáveis pela destruição de almas. Por meio do teatro ele tem operado durante séculos para excitar a paixão e glorificar o vício... Em todo o ajuntamento onde é alimentado o orgulho e satisfeito o apetite, onde a pessoa é levada a esquecer-se de Deus e perder de vista interesses eternos, está satanás atando suas correntes em redor da alma.” Patriarcas e Profetas, 485.

AS REPRESENTAÇÕES TEATRAIS

Gastos Desnecessários e Aparatos Extravagantes
“Nesta época de extravagância e ostentação, em que os homens julgam necessário
fazer aparato para conseguir êxito, os escolhidos mensageiros de Deus devem mostrar a falácia de gastar meios desnecessáriamente, para fazer efeito. Ao trabalharem com simplicidade, humildade e gentil dignidade, evitando tudo que seja de natureza teatral, sua obra fará duradoura impressão para o bem.” Evangelismo, 66.
“Demonstrações exteriores e extravagante dispêndio de meios, não realizarão a obra que há por fazer.” Ibid.
“Deus não se agrada do grande dispêndio de meios que fazeis na propaganda de
vossas reuniões, bem como no aparato de outras atividades realizadas em vossa obra. A exibição não está em harmonia com os princípios da palavra de Deus. Ele é desonrado pelos vossos dispendiosos preparativos... O homem é exaltado. A verdade não progride, mas fica retardada. Homens e mulheres judiciosos podem ver que as representações teatrais não estão em harmonia com a solene mensagem que tendes a apresentar.” Evangelismo, 127.
“Demonstrações exteriores e extravagante dispêndio de meios não realizarão a obra
que há por fazer.” Obreiros Evangélicos, 346.
 “Mas quando o obreiro torna o seu trabalho tão dispendioso que os outros não podem tirar do tesouro meios suficientes para manter-se no campo, ele não está trabalhando de acordo com o plano de Deus. A obra nas grandes cidades deve ser feita segundo a ordem de cristo, não segundo os métodos teatrais. Não é uma realização teatral que glorifica a Deus, mas a apresentação da verdade no amor de Cristo.” Obreiros Evangélicos, 355-356.
“Devem elas [almas] ser ganhas para Cristo, e em lugar de despender tempo, dinheiro e esforço para uma encenação, que todo o esforço seja feito a fim de preparar os molhos para a colheita.” Fundamentos da Educação Cristã, 254.

Exibição e Exaltação Humana
“Alguns ministros cometem o erro de pensar que o sucesso depende de arrastar uma grande congregação pelo aparato exterior, anunciando depois a mensagem da verdade em estilo teatral. Isso, porém é empregar fogo comum, no lugar do fogo sagrado ateado por Deus.
O Senhor não é glorificado por essa maneira de trabalhar. Não por meio de notícias
sensacionais e dispendiosas exibições, há de sua obra ser levada a cabo, mas seguindo-se os métodos de Cristo.” Evangelismo, 136.
“Nosso bom êxito dependerá de realizarmos a obra com a simplicidade com que Cristo a realizou, sem nenhuma demonstração teatral.” Evangelismo, 140.
“Não devem os ministros pregar opiniões de homens, não devem contar anedotas nem encenar representações teatrais, nem exibir-se; mas como se estivessem na presença de Deus e do Senhor Jesus.” Evangelismo, 207.
“A obra feita por Cristo em nosso mundo, eis o que deve constituir nosso exemplo, no que respeita à exibição. Temos que nos manter tão afastados do que seja teatral e extraordinário, como Crsito se manteve em Sua obra. Sensação não é religião...” Evangelismo, 396.
“Ao trabalharem com simplicidade, humildade e gentil dignidade, evitando tudo o que seja de natureza teatral, sua obra fará duradoura impressão para o bem.” Obreiros Evangélicos, 346.
“Não haja singularidades nem excentricidades de movimento da parte daqueles que
falam a palavra da verdade, pois tais coisas enfraquecerão a impressão que deve ser produzida pela palavra. Cumpre guardarmo-nos, pois satanás está determinado, se possível, a entremear com os serviços religiosos a sua má influência. Não haja exibição teatral, pois isto não ajuda a fortalecer na palavra de Deus. Antes distrairá a atenção para o instrumento humano.” Mensagens Escolhidas, Vol. 2, 24.

Atitudes Estranhas que Profanam a Santidade da Mensagem
“Tenho uma mensagem para os que estão com a responsabilidade de nossa obra. Não animeis homens que devem empenhar-se neste trabalho a pensar que devam proclamar a solene e sagrada mensagem em estilo teatral. Nem um jota ou um til de qualquer coisa teatral deve aparecer em nossa obra. A causa de Deus deve ter molde sagrado e celestial. Fazei com que tudo quanto esteja em conexão com a apresentação da mensagem para este tempo tenha o sinete divino. Não permitais qualquer coisa de natureza teatral, pois prejudicaria a santidade da obra...” Evangelismo, 137-138.
“O inimigo acompanhará de perto e aproveitará todas as vantagens que tiver das circunstâncias, a fim de rebaixar a verdade pela introdução de demonstrações indignas.Nenhuma destas apresentações deve ser permitida. As preciosas verdades que nos foram dadas devem ser pregadas com toda a solenidade e com santa reverência.” Evangelismo, 138.
“Os ministros no púlpito não tem permissão de comportar-se como representantes de teatro, tomando atitudes e expressões calculadas a causar efeito. Eles não ocupam o púlpito sagrado como atores, mas como mestres de verdades solenes. Há também ministros fanáticos que, tentando pregar a Cristo, atacam, gritam, dão saltos acima e abaixo, esmurram a tribuna, como se esse exercício corporal aproveitasse alguma coisa. Tais mesmices não emprestam força alguma às verdades proferidas, antes, ao contrário, desgostam os homens de pensar sereno em vistas elevadas.” Obreiros Evangélicos, 172.
“O ministro de Cristo deveria ser um homem de oração, um homem piedoso; alegre,
mas nunca áspero e grosseiro, zombeteiro ou frívolo. Espírito de frivolidade está em harmonia com a profissão de palhaços ou de atores teatrais, mas está abaixo da dignidade de um homem que foi escolhido para estar entre os vivos e os mortos, e para ser porta-voz de Deus.” Testemonies, Vol. 4, 320.
“Foi-me mostrado que nos defrontaremos com todas as espécies de experiências e que os homens procurarão introduzir representações estranhas na obra de Deus. Já nos encontramos com tais coisas em muitos lugares. No início de meu trabalho, foi-me dada a mensagem de que todas as representações teatrais, em conexão com a pregação da verdade presente fossem desaconselhadas e proibidas. Os homens que pensavam Ter um admirável trabalho a fazer procuram adotar uma estranha atitude e manifestam esquisitices no movimento do corpo. Eis as instruções que me foram dadas: ‘Não aproveis tal coisa’. Essas atitudes, com sabor teatral, não devem ter lugar na proclamação das solenes mensagens que nos forma confiadas.” Evangelismo, 137.
“Você pode glorificar a Deus, educado para representar personagens em peças, e para divertir o auditório com fábulas? O Senhor não lhe deu intelecto para ser usado para a glória de Seu nome na proclamação do evangelho de Cristo? ....O Senhor tem dado evidência de Seu amor pelo mundo. Não houve falsidade, nenhuma representação, naquilo que Ele fez.” MS 42, 1898.

Promove Falsidades
“A paixão dominante de satanás é perverter o intelecto e levar os homens a desejar
ardentemente freqüentar espetáculos e exibições teatrais. A experiência e o caráter de quantos se empenham nesta obra estará em conformidade com o alimento fornecido à mente. O Senhor deu prova de Seu amor ao mundo. Não houve falsidade, nem teatralidade no que fez. Fez uma oferta viva, capaz de sofrer humilhação, desconsideração, vergonha, acusação.” Evangelismo, 266-267.
“Aqueles que compõem essas sociedades [literárias], que professam amar e reverenciar as coisas sagradas, e ainda permitem que a mente rebaixe às representações fictícias, superficiais, irreais, simples, baratas, estão fazendo o trabalho do diabo, tão certamente quanto os que assistem e se unem à essas cenas.” MS 41, 1900.
“A obra de satanás é levar os homens a ignorarem Deus, para assim ocupar a mente e mantê-la absorta, de modo que Deus não esteja em seus pensamentos. ...Satanás não deseja que o povo tenha conhecimento de Deus; e se puder pôr em operação jogos e representações teatrais que confundam os sentidos dos jovens de modo que os seres humanos pereçam nas trevas enquanto a luz brilha em torno deles, isto lhe dará muito gosto.” O Lar Adventista, 401- 402.

Cria Envolvimento Secular
“Nas reuniões realizadas, não devem depender de cantores do mundo nem de
exibições teatrais para despertar o interesse.” Evangelismo, 508.
É uma Degeneração para Atrair aos Mundanos
“Vários entretenimentos são introduzidos para tornar interessantes as reuniões, e
atrativas para os mundanos, e assim as atividades da chamada sociedade literária degeneram muitas vezes em desmoralizantes representações teatrais e tolices vulgares. Todas essas satisfazem a mente carnal, em inimizade contra Deus; não robustecem, porém, o intelecto nem consolidam a moral.” Conselhos aos Professores, Pais e Estudantes, 492.
Tempo Gasto em Coisas que Não Edificam
“Satanás deleita-se quando vê seres humanos empregando as faculdades físicas e
mentais naquilo que não educa, não tem utilidade, não os ajuda a ser uma bênção aos que necessitam do auxílio. Enquanto a juventude se adestra em jogos destituídos de valor para eles e para outros, satanás joga a partida da vida por suas almas, tirando-lhes os talentos dados por Deus, substituindo-os por seus próprios atributos maus. É seu empenho levar os homens a passarem por alto a Deus. Busca ocupar-lhes e absorver-lhes tão completamente o espírito, que o Senhor não encontre lugar em seus pensamentos Não quer que o povo conheça a seu criador, e fica bem satisfeito se pode pôr em funcionamento jogos e representações teatrais
que por tal forma confunda, o senso da juventude que Deus e o céu sejam esquecidos.” Conselhos aos Professores, Pais e Estudantes, 246-247.
Atividades Sem Benefício ou Conteúdo
“...Não devem os obreiros procurar métodos pelos quais ofereçam um espetáculo,
consumindo tempo em representações teatrais e exibições de música, pois isso não
beneficiaria a ninguém. Não é bom ensaiar crianças para que façam discursos em ocasiões especiais. Devem elas ser ganhas para Cristo, e em lugar de despender tempo, dinheiro e esforço para uma encenação, que todo o esforço seja feito a fim de preparar os molhos para a colheita.” Fundamentos da Educação Cristã, 253-254.
Desenvolve o Gosto Pelo Teatro
“Muitas sociedades literárias são em realidade novos teatros em pequena escala, e
eles criam na juventude um gosto pelo palco.” Review and Herald, 04/01/1881.
Substitui o Estudo e Ensino da Bíblia
“Se os seus institutos e sociedades literárias tivessem aproveitado a oportunidade para pesquisar a Bíblia, teriam se tornado muito mais em uma sociedade intelectual do que através de chamar atenção pelos desempenhos teatrais.” MS 41, 1900.
“A mente que rejeita toda essa vulgaridade e se obriga a se fixar somente nas verdades elevadas, grandes e profundas, será fortalecida. O conhecimento da Bíblia excede a todos os outros conhecimentos no fortalecimento do intelecto. Se os seus liceus e sociedades literárias fossem uma oportunidade para pesquisar a Bíblia, seriam muito mais uma sociedade intelectual do que pode se tornar através de sua atenção voltada para apresentações teatrais.” MS 41,1900.
É uma Diversão
“Não tenho conseguido encontrar nenhum caso em que Ele tenha ensinado os seus
discípulos a empenharem-se na diversão do futebol ou em jogos de competição, a fim de fazerem exercício físico, ou em representações teatrais; e, no entanto, Cristo era nosso modelo em todas as coisas.” Fundamentos da Educação Cristã, 229.

AS ENCENAÇÕES ACEITÁVEIS
“Mediante o emprego de cartazes, símbolos e ilustrações de várias espécies, o ministro pode fazer a verdade destacar-se clara e distintamente. Isso é um auxílio, e está em harmonia com a palavra de Deus.” Obreiros Evangélicos, 355-356.
“O segundo mandamento proíbe o culto das imagens; Deus mesmo, porém, empregou figuras e símbolos para apresentar aos Seus profetas lições que queria que eles transmitissem ao povo, e que assim seriam compreendidas do que se fossem dadas de outro modo. Ele apelou para o entendimento através do sentido da vista. A história profética apresentada em Daniel e João em símbolos, e estes deviam ser representados claramente em tábuas, para que os que lessem os compreendessem.” Mensagens Escolhidas, Vol. 2, 319.
Encenação do Natal em 1888
Porção da carta enviada ao líder do programa apresentado em 26/12/1888 em Battle Creek, por crianças da Escola Sabatina. Foi simples e dramatizado, apresentando um farol, crianças usando disfarces, discursos, músicas e poesias. Ella M. White, a neta de Ellen White, com seis anos de idade, participou do programa vestida de anjo. “Levantei-me às três horas da manhã para escrever-lhe algumas linhas. Gostei do farol e a cena que exigiu um esforço tão esmerado poderia ter sido mais impressionante, mas não foi tão vigorosa e apelativa como deveria ter sido, já que custou tanto tempo e trabalho para prepará-lo. A parte desempenhada pelas crianças foi boa. “Aquela era uma ocasião que deveria ter sido aproveitada não somente pelas crianças da Escola Sabatina, mas também deveriam ter sido pronunciadas palavras que aprofundassem a impressão da necessidade de buscar o favor desse salvador que os amou e se deu a si mesmo por elas. Todos os que desempenharam uma parte no programa da noite passada trabalhariam tão zelosa e interessadamente para ser aprovados por Deus ao realizar sua obra pelo mestre, a fim de apresentar-se como obreiros inteligentes que não tem de que se envergonhar?” Carta 5, 1888.
Um Critério Para Julgamento
“O corpo, da mesma maneira que a mente precisa exercício. Mas é necessário haver grande temperança nas diversões, bem como em qualquer outra ocupação. E o caráter destes entretenimentos deve ser cuidadosa e cabalmente considerado. Todo jovem deve perguntar-se a si mesmo: Que efeito terão essas diversões na saúde física, mental e moral? Ficará meu espírito tão absorvido que me esqueça do meu Deus? Deixarei de Ter em mente a sua glória?” Mensagens aos Jovens, 379.


O USO DE DRAMATIZAÇÕES NA IGREJA
Síntese do artigo publicado por Alberto Ronald Timm, diretor do Centro de pesquisas Ellen G. White do Brasil e professor de
Teologia no IAE – Campus Central.
Revista Adventista, setembro de 1996, p. 8-9.
A liturgia do Antigo Testamento centralizava-se nos rituais simbólicos, primeiro, dos
altares patriarcais; depois do tabernáculo mosaico; e, por último do templo de Jerusalém. Esses serviços, ministrados por sacerdotes (cf. Êxo. 28 e 29; Lev. 8), constituíam uma prefiguração dramática da salvação que haveria de se concretizar através do sacrifício e do sacerdócio de Cristo. Animais representavam a Cristo; a imolação desses animais simbolizava a morte de Cristo. Também as festas de Israel eram marcadas por inúmeras dramatizações (ver Êxo. 12:1- 27; Lev. 16 e 23). Ellen White denomina todo este sistema centralizado no santuário de “o evangelho em figura” (Fundamentos da Educação Cristã, 238).
Outro ato religioso dramático do Antigo Testamento era a cerimônia da circuncisão. Esse ato foi ordenado por Deus como um símbolo exterior do concerto com seu povo.
Em números 21:4-9, Deus ordenou que Moisés preparasse e levantasse uma “serpente de bronze”, como um símbolo de Cristo. Todos aqueles que olhassem com fé para aquela serpente viveriam. Dramatizações são encontradas também nos livros proféticos do Antigo Testamento. O próprio Deus usou recursos pictóricos para descrever realidades sócio-políticas e religiosas nas visões proféticas registradas em tais livros como Ezequiel, Daniel e Zacarias. Por exemplo, no capítulo 2 do livro de Daniel, a segunda vinda de Cristo é representada pela grande pedra que feriu os pés da estátua. Já no capítulo 1 de Oséias, encontramos Deus ordenando que o próprio profeta (Oséias) dramatizasse a apostasia espiritual de Israel, casando-se com uma prostituta.
No Novo Testamento, os quatro evangelhos apresentam inúmeras ocasiões em que
Cristo usou ilustrações vívidas da natureza e da vida diária para lições espirituais. Ele não apenas se valeu do recurso didático das parábolas, mas até comparou-se a si mesmo com tais figuras como a água (João 4:10), o pão (6:41 e 48), a luz (8:12), a porta (10:9) o pastor (10:14) e a videira (15:1-5).
A própria cerimônia do batismo é uma dramatização simbólica, instituída por Cristo para marcar o início de uma vida de consagração a Deus.
A celebração da Santa Ceia (ver Mat. 26:17-30; João 13:1-20) é, por sua vez, uma
dramatização litúrgica ordenada por Cristo para ser repetida periodicamente por Seus seguidores (Cf. João 13: 13-17; I Cor. 11:23-26).
À semelhança de alguns livros proféticos do antigo testamento, o conteúdo do Apocalipse de João é caracterizado por dramatizações simbólicas, que descrevem
pictoricamente o desenvolvimento do plano da salvação no contexto do grande conflito entre as forças do bem e os poderes do mal.
Analisando-se os escritos de Ellen White, percebe-se, por um lado eu ela (1) endossa reiteradas vezes às dramatizações litúrgicas do Antigo Testamento (o cerimonial do santuário, etc.); (2) enaltece as dramatizações litúrgicas do Novo Testamento (batismo, lava-pés, santa ceia, etc.); (3) engrandece o ritual sacerdotal de Cristo no céu; (4) não criticou a dramatização a que assistiu na Escola Sabatina de Battle Creek, em 1886 (A. L White, Representações Dramáticas em Instituições Adventistas, Centro de Pesquisas Ellen White); (5) Não condenou a encenação do natal de 1888 em Battle Creek, mas simplesmente expressou sua aprovação aos pontos positivos do programa e sua desaprovação aos pontos negativos (Ibid, 5-6); e (6) não condenou o uso das bestas de Daniel e Apocalipse como ilustrações evangelísticas.
Por outro lado, várias citações de Ellen White desaprovam o uso de qualquer tipo de
exibicionismo teatral (principais citações, Evangelismo 136-140). Estariam estas citações condenando indistintamente todo o tipo de dramatização? Eu creio que não, pois, se assim fosse, teríamos que eliminar até mesmo o batismo e a santa ceia de nossas igrejas. É interessante notarmos que as próprias citações de Ellen White que desaprovam o uso de exibições teatrais, identificam também as características negativas básicas que a levaram a se opor a tais exibições. Dentre estas características destacamos as seguintes: (1) afastam de Deus; (2) levam a perder de vista os interesses eternos; (3) alimentam o orgulho; (4) excitam a paixão; (5) glorificam o vício; (6) estimulam o sensualismo e (7) depravam a imaginação. Disto inferimos que dramatizações são aceitáveis, em contrapartida, quando: (1) aproximam de Deus; (2) chamam atenção para os interesses eternos; (3) não alimentam o orgulho; (4) não excitam a paixão; (5) desaprovam o vício; (6) não estimulam o sensualismo; e (7) eleven a imaginação.
As dramatizações devem: (1) evitar o elemento jocoso e vulgar; (2) evitar o uso de
fantoches (animais e árvores que falam, etc.); (3) ser Bíblica e historicamente leais aos fatos, como estes realmente ocorreram; e, acima de tudo, (4) exaltar a Deus e Sua palavra (e não os apresentadores da programação).
Se alegarmos que toda e qualquer dramatização é inapropriada, teremos, conseqüentemente, de suspender: (1) o uso de filmes, que são o produto de dramatizações; (2) a maior parte das programações de departamentos infantis da Escola Sabatina (colocar coroas nas cabeças das crianças, cenas do céu, etc.); (3) todas as “cantatas” e grande parte das apresentações musicais de nossas igrejas; e até mesmo (4) a celebração das cerimônias do batismo e santa ceia. 

12 comentários:

  1. a irmã white manda usar quadros não teatro dentro da igreja . a peça de natal ela diz melhor que não tivesse prensenciado.

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  2. Se formos levar ao pé da letra os textos do evangelismo, a partir da pag. 135, fica claro o não, ela fala nem um i nem til, porém se formos tirar as encenações, também temos de levar em conta o cinema, que seria equivalente ao teatro da época. Porém usamos indistintamente para causar impressão, na minha opinião o que de haver é cautela, a explanação da bíblia em primeiro lugar, não artifícios para substitui-la.

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  3. Gosto muito do Pr. Timm, mas neste documento ele foi infeliz ao comparar os ritos do santuário, as ordens expressas de Deus aos profetas e os emblemas do novo testamento a meras "encenações". 1- O sacerdote do santuário terrestre matava ou "encenava" que mataria o cordeiro? 2- os profetas faziam o que Deus ordenava ou "fingiam" que estavam obedecendo? 3- Ao sermos batizados, somos mergulhados para remissão dos nossos pecados (de fato) ou fazemos o papel de Jesus? 4- Ao tomarmos a Santa Ceia, fazemos em obediência a Jesus ou "ensaiamos" o que aconteceu no cenáculo? Francamente, precisamos da ajuda de Deus e da consagração da liderança para não presenciar tantas situações inapropriadas na casa de Deus. Somente a glória de Deus!

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  4. Respostas
    1. Está certa A Sr Witte

      "No início de meu trabalho, foi-me dada a mensagem de que todas as representações teatrais, em conexão com a pregação da verdade presente fossem desaconselhadas e proibidas."
      (Evangelismo, p. 137-138)

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  5. Teve uma peça de teatro que presenciei na igreja, onde Jesus era o "brother", e o tratavam assim. O público rindo e o nome de DEUS sendo tomado em vão.

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  6. Há sempre uma desculpa para o pecado.
    Está desaconselhado e proibido o teatro na igreja e tudo o que lembra teatro: filmes, desenhos,series.Deus
    Não quer seu povo envolvido com isso.
    Ainda que seja"biblico" aconselho o povo de Deus a não assistirem essas novelas da record

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  7. Nossos líderes estão descartando o claro ASSIM DIZ O SENHOR pelo "eu acho".É triste ver agora...todos os CAMPOREE´s tendo encenação teatral em suas programações.

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  8. É muita interpretação para uma situação clara. O teatro não deve ser utilizado na igreja e na pregação do evangelho.
    O pessoal que escreveu os comentários parecem bem alfabetizados porque entendem quando Ellen G. White diz para não utilizar esse recurso. Já uns PHDs querem passar pano e vem com o embromeichon.

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